O Advento é um tempo de preparação, de
alegria e de esperança na vinda do Senhor. Somos convidados a preparar-nos
interiormente, através da oração mais profunda e atenta, numa abertura de
coração que nos incentiva a deixar caminhos tortuosos e a procurar aqueles que
nos levam à compreensão, ao amor, à fraternidade e à paz. Assim aguardamos, com
mais interioridade, a vinda do nosso Deus que é amor e chega até nós, feito
menino, num coração de criança.
Maria, Nossa Senhora e João Baptista são
duas grandes figuras que se apresentam como modelos de Fé Esperança e
Confiança, e nos podem ajudar a preparar o coração, numa atitude de alerta
constante e atenção permanente nesta espera da vinda do Salvador. Eles souberam
escutar, acolher e transmitir, com a vida, a Palavra de Deus. Nós somos
convidados a fazer como eles. Temos uma boa proposta de oração, “Lectio
Divina”. É uma expressão latina que pode ser traduzida como “leitura divina”,
“leitura espiritual”, ou ainda como “leitura orante da bíblia”. Na Sagrada
Escritura encontramos Deus presente que nos interpela; encontramos o sublime e
o transcendente de mãos dadas com a simplicidade comunicativa de um Deus
próximo e familiar. Levemos Deus a passear pelos caminhos da nossa vida, de
modo a encontrar Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus, pois a
natureza é um livro aberto, uma exposição grandiosa e variada das obras de Deus
que devemos rezar.
É um alimento necessário para a nossa
vida espiritual, tornando-se Palavra viva, presença de Cristo, sinal eficaz da
comunhão de uns com os outros, que é também “comunhão com o Pai e com o seu
Filho Jesus. Edifica-se, assim, a comunhão divino-humana, na qual se manifesta
o Mistério da Igreja, através da aceitação da Palavra, o Espírito de Deus
congrega-nos na unidade, de acordo com o dom pessoal de Cristo a cada um.
A oração-relação com o nosso Deus-amigo
para todas as ocasiões é como uma árvore. Quanto mais profundas são as raízes,
maior altura pode alcançar e produzir melhores frutos. A nossa oração de
intimidade, conversa entre amigos, precisa de ter raízes fundas no campo da
vida para crescer bem alto até Deus. Assim, de modo algum a vida será um
obstáculo à oração, uma distração que nos estorva o acesso à intimidade com
Deus. Pelo contrário, a vida concreta é a ponte que nos transporta à outra
margem onde nos encontramos com Deus. Ela deve ser uma escada ou trampolim que
nos faz subir até Ele. Não há situação alguma da nossa vida que não possa ser
rezada em clima de amizade e de à vontade filial com o Pai. Este contacto com
Deus não pode deixar de ser altamente contagioso de paz, serenidade e confiança
que nos leva a dizer:
Bendito seja o Senhor dia após dia. Ele toma cuidado de nós: é o nosso Deus Salvador. Bendito seja o Senhor que não rejeita a nossa oração, nem retira de nós o Seu amor.
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